quinta-feira, 26 de julho de 2012

Conte-me seus sonhos (e cuidado pra não ter pesadelos com eles)


    Sidney Sheldon (1917-2007) é um dos autores de ficção mais vendidos de todos os tempos.Em anos gloriosos de carreira, seus romances conquistaram fãs ao redor do mundo e fizeram dele um fenômeno. Para se ter uma ideia, Sheldon é uma das únicas pessoas a ganhar três dos prêmios mais importantes em áreas diferentes, sendo o Edgar Allan Poe (Literatura de ficção), o Grammy (Música) e o Oscar (Cinema).

    Em 18 romances publicados ao longo dos anos, sendo que o primeiro deles (A Outra Face) foi publicado em 1970, é de se imaginar que, com o passar do tempo, fosse ficando mais fácil escrever histórias. Ainda mais quando se pensa que Sheldon costuma seguir certos padrões em sua escrita, geralmente protagonizada por mulheres de personalidade forte e sensualidade aflorada. Impressiona o fato de que, 28 anos depois do primeiro livro, em 1998, ele nos presenteia com seu romance mais desafiador: Conte-me seus sonhos.

    Como fã de Sheldon, imagino que deva ter sido difícil escrever uma história tão delicada. Dividido em três partes, o livro tem como temática o chamado Distúrbio de Múltipla Personalidade, transtorno psicológico incomum, porém real, e é dominado por uma espécie de tensão, de um incômodo vivido pela protagonista, e que acaba passando para o leitor.


    Ashley Patterson é uma americana jovem e bela. Trabalha em uma agência de publicidade e é constantemente observada e comentada por suas colegas de trabalho, Toni e Alette. Respectivamente inglesa e italiana, Toni e Alette não parecem simpatizar muito com a publicitária. Quando começa a ter lapsos de memória, Ashley se vê diante de um mistério. Uma série de assassinatos foram cometidos em lugares diferentes do mundo, e evidências de que Ashley esteve nos locais dos crimes tornam-a a principal suspeita de tê-los cometido.


     Presa e praticamente condenada, é perceptível que Ashley não sabe nada sobre tais crimes. Assim como é perceptível que Toni e Alette sabem bastante sobre o que ocorre. É esse o incômodo, a sensação de algo não tão bem explicado. A essa altura o leitor já percebeu o que se passa, e a grande questão passa a ser: Como provar isso a um juri?? Mesmo contratando um advogado excelente, a situação da protagonista é bastante delicada.


    Com um sensacional julgamento, cheio de reviravoltas e momentos de pura emoção (Nesse ponto não se consegue mais largar o livro),  Ashley  acaba internada em uma clínica, aonde passa por tratamento durante muitos anos. O fim da história se dá após tal internação, e é de arrepiar.


    O mais incrível é que, mesmo com um tema tão complexo e difícil de ser contado, a narrativa de Sidney Sheldon é , de certa forma, simples. O assunto é aprofundado de maneira em que ele flua com o enredo do livro, descartando explicações e teorias científicas complexas e chatas, o que prejudicaria a leitura.


    Conte-me seus sonhos é um livro único na carreira de Sidney Sheldon. É impossível passar por tal leitura e não se lembrar do quão surpreendente e viciante é o enredo, e ainda da forma simples e natural com que ele é contado. Um autor único, lendário, que conseguia desafiar a si mesmo e surpreender quem já acompanhava sua carreira, já repleta de sucessos e histórias espetaculares. A literatura ainda sente a falta de uma mente tão intensa e insana como a de Sidney Sheldon...







 

2 comentários:

  1. Eu simplismente amei seu texto, na boa, não é só uma resenha comum, é uma homenagem muito significativa a mente brilhante do mestre Sheldon.
    Perfeito!
    Abraços. :)

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  2. Agradeço o apreço. A intenção era, de certa forma, homenagear Sheldon como um todo. Escolhi falar sobre "Conte-me seus sonhos" realmente por me parecer o livro mais delicado e difícil de se escrever. Sempre que quiser, volte ao blog e comente as postagens. Abraços!!

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