sexta-feira, 3 de agosto de 2012

LP1: Ódio transformado em Soul


   Eu costumo dizer que, para uma cantora fazer um disco excelente, independente do estilo, ela precisa estar com raiva de um homem. Precisa ter sofrido, precisa guardar ódio no coração e expulsá-lo através da música. Se pegarmos apenas exemplos mais recentes, "21" de Adele (2011), e "Back to Black" de Amy Winehouse (2007), seguem essa premissa e são o que são. Sem contar os álbuns desse estilo que consagraram cantoras, como o clássico Jagged Little Pill, de Alanis Morissette (1997).

   Joss Stone, nome de destaque na Soul music contemporânea, costumava ser mais romântica, mais suave em seus discos. Pelo menos nos dois primeiros, "The Soul Sessions"(2002) e "Mind, Body & Soul" (2003). Eu confesso que não ouvi os sucessores destes, apesar de achar que seguem o mesmo estilo . Tampouco sei ou me importo com a vida pessoal de Joss. O que importa é que, ao que parece, ela resolveu desabafar em seu primeiro disco lançado de forma independente, LP1. O resultado?? O melhor disco feminino de 2011.

    LP1 não tem nenhum hit, nenhuma música de destaque nas rádios. É um álbum intenso, uma coleção de sentimentos espelhados em 10 faixas. Sem muita enrolação, sem muita metáfora, sem nenhuma firula. De começo, até dá a impressão de ser um disco calmo, delicado. "Newborn", a primeira faixa, fala até sobre dar as mãos e permanecer unidos. Uma bela faixa de abertura que esconde o que vêm logo depois. A raiva de Joss começa em "Karma", segunda faixa e a melhor do álbum. É daquelas músicas que impressionam pela energia que carregam.
                                                    clipe da música Karma

   Se a segunda faixa é explosiva, com guitarras afiadas e bateria marcante, o disco segue, musicalmente, com uma vibe mais tranquila. Joss, porém, descarrega tudo  nas letras fortes, consistentes e amarguradas. Amargura que também se evidencia na voz da cantora, carregada, entristecida. "Don`t Start Lying to me Now", "Last One to Know", "Cry myself to Sleep", "BoatYard", até a conclusiva "Take Good Care".

                                                                 

   É possível encontrar o disco com duas faixas bônus : "Picnic for two" e "Cutting the Breeze". Na minha opinião, as músicas são uma espécie de prelúdio para 'The Soul Sessions Vol 02". O novo lançamento da cantora que traz versões de vários sucessos (ou nem tanto), num clima que, de certa forma, contrasta com o  álbum anterior. "Cutting the Breeze", ouço dizer, é mais uma música country do que uma música soul.

LP1 é, na minha opinião, o melhor disco feminino lançado em 2011. É um disco tão intenso e sentimental. Há nele uma naturalidade, uma energia diferenciada. É um disco que agrada tanto quem gosta apenas de sentir a música quanto quem gosta de analisá-la instrumento por instrumento, nota por nota. Joss Stone se firma como uma das melhores cantoras da atualidade, quem dirá de todos os tempos, com uma discografia invejável, cheia de grandes álbuns. E o mais legal é que o melhor deles foi lançado de forma independente, evidenciando o talento da cantora e a sua dedicação à boa música.

                                                                           


Um comentário:

  1. Ótimo post Carlos! Eu amo a Joss Stone, e pra mim ela é a maior prova de que quando se tem talento o artista faz sucesso independente do apoio da gravadora!

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