quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Um Pouco de Música: Casa das Máquinas


   O Brasil nos anos 70, no quesito música, sinceramente, é imbatível. Cada disco, cada músico da época tinha uma forma única de se expressar, e grandes clássicos da música nacional foram produzidos em meio à repressão do governo militar. O rock nacional, nesse período, começa a se livrar da onda "yeah yeah yeah" da jovem guarda, e começa a dar passos mais ousados em direção a uma nova identidade. É nessa década de efervescência  que surge a banda "Casa das Máquinas".

  O Casa das Máquinas foi fundado por Netinho e Aroldo, músicos que tocavam na banda "Os Incríveis", muito popular na época. Eles se juntaram com outros integrantes e formaram uma banda que, mais tarde, se tornaria um marco do rock brasileiro dos anos 70, mesmo sendo considerada uma banda maldita. Maldita pois a banda se tornou popular entre os roqueiros da época, mas mesmo com duas canções muito populares, "Vou Morar no Ar" e "Casa de Rock",  nunca conseguiu sucesso e reconhecimento muito grandes.

  Entre 1974 e 1976 lançaram três álbuns, "Casa Das Máquinas", "Lar de Maravilhas" e "Casa de Rock". São três álbuns muito diferentes entre si, e mostram a evolução da banda e a influência que a troca de integrantes de um disco pro outro provoca no som que eles fazem. O primeiro disco tem ainda muita influência dos Incríveis e é muito parecido com o som da banda anterior. Casa de Rock, o terceiro e último álbum da banda, carrega um som mais pesado e cru, acho que pode até ser chamado de "hard rock".



  Mas o disco que quero dar destaque é o segundo, "Lar de Maravilhas", de 1975. É um disco de rock progressivo, com uma sonoridade única na música brasileira. Com melodias muito bem executadas, letras profundas e aquelas mudanças e nuances que todo admirador de rock progressivo curte, esse disco é viciante, surpreendente e mostra claramente a criatividade e o talento dos músicos do Casa das Máquinas.

  Criatividade que também aparecia nos shows da banda, que sempre eram performáticos e teatrais. Unindo boa música a músicos talentosos e performances arrebatadoras, a banda seguiu durante quatro anos, até terminar depois de um incidente nunca esclarecido, onde após uma briga na TV Record acabou com um cinegrafista da emissora morto (?). 

Anos depois, a banda foi convidada a se apresentar num festival e, em 2008, até músicas inéditas foram escritas para o retorno, que contava com integrantes originais e alguns novos músicos convidados. O Casa das Máquinas não causou no quesito sucesso o barulho que poderia e merecia, mas o som da banda permaneceu nos ouvidos de quem os admirava e hoje pode e deve ser escutado online, sendo com certeza uma das melhores bandas nacionais de todos os tempos. Pra quem curte boa música, o convite está feito, vem morar no ar!!