quarta-feira, 17 de julho de 2013

The Following: Entre a genialidade e a total falta de sentido

         E o prêmio de gênero mais difícil de se renovar vai para... Policial, sem sombra de dúvidas. Seja por ser muito batido ou pela cansativa repetição de temas, o gênero policial é, hoje em dia, algo complicado de se mexer. Em filmes e livros, há ainda o apoio de diretores e autores renomados, que por fazerem algo com tempo ou páginas limitadas, conseguem extrair melhor o que querem de seus textos. Quando é pra ser algo maior, como o que é voltado para a tv (séries e novelas, por exemplo), a situação se complica.

       É um fato que a fórmula CSI e  Law and Order já deu o que tinha que dar. Por mais que ainda atinjam sua audiência estipulada, já é mais do que visível o desgaste desse tipo de show, que parece feito para as maratonas de fim de semana do Universal Channel. Não se pode descartar a importância deste tipo de série, mas uma renovação nos casos de polícia era mais do que necessária.

       Kevin Williamson deve ter pensado nisso. Uma renovação no gênero policial. Uma série tão densa e dramática quanto movimentada. Uma mistura de investigação criminal e terror psicológico que vai prender a atenção do telespectador e ganhar credibilidade e dinheiro e respeito. Contando ainda com o ótimo Kevin Bacon como protagonista, "The Following" parecia ser mais do que renovador, parecia ser revolucionário.

                                

      A história gira em torno de dois homens: Ryan Hardy e Joe Carroll. Hardy é um ex agente do FBI que ficou muito famoso por desvendar uma série de assassinatos de garotas cometidas por um aparentemente inocente professor de literatura chamado Joe Carroll. A repercussão foi tanta que até um livro sobre a mente perturbada de Carroll Ryan escreveu.

     A violência dos crimes, que eram inspirados nos contos de Edgar Allan Poe ( que se o caro leitor não conhece eu recomendo com entusiasmo), além do tórrido romance que Hardy acabou tendo com a ex mulher do assassino, Claire Matthews, deram ainda mais fôlego ao caso, que acabou com Carroll condenado e Ryan, apesar da fama e respeito que conquistou, definhando por motivos de saúde.
       
       Solteiro, alcoólatra e utilizando um marca-passo, Ryan continua afastado do FBI no ponto em que a história da série começa. E começa com uma eletrizante fuga de Carroll da penitenciária onde estava preso. Ao ser chamado para ajudar na recaptura de Carroll é que Ryan e o próprio FBI começam a perceber as ligações que o assassino poderia ter fora da cadeia. E uma nova onda de crimes põe todos em alerta.

                                 

           
         Uma nova seita aparece. Seguidores de Joe Carroll, pessoas que de certa forma se sentiam incompreendidas pelo mundo, com um histórico de depressão ou até mesmo de psicopatia, que encontram no livro que Joe escreveu antes de ser acusado de assassinato uma identificação que nunca haviam tido antes com nada no mundo. Os seguidores de Joe Carroll estão agindo e só o homem que penetrou na mente do criminoso pode pará-los agora.

        Esse é o ponto genial de The Following. Ryan Hardy e o FBI contra Joe Carroll e sua misteriosa seita, os "followers", que são civis que se identificam com a obra de Carroll. É uma batalha que vai além dos confrontos armados. Afinal, se Ryan conhece a mente de Joe, Joe  sabe das fraquezas do rival. Os dois homens passam a escrever uma espécie de novo romance policial, no qual são os co-autores, ainda que  rivais.

      Interpretado por Kevin Bacon, Ryan Hardy é um atrativo à parte na história. Descontrolado e inconstante, o protagonista faz jus a seu posto quando mostra lados tão diferentes de sua personalidade e modo de agir. Seu jeito truculento e seu conhecimento como policial o tornam o único homem capaz de parar a seita, pois ele sabe exatamente onde atingir para neutralizar seus inimigos.

                                


      The Following até aqui parece imperdível. Mas a série tem um defeito que acaba comprometendo toda a sua bem montada estrutura. Falo das ações policiais. Elas tem que estar presentes na série, pois o embate psicológico entre os antagonistas, ainda que ponto muito forte, não sustentaria a história. Porém, o que se vê são situações inverossímeis, com um FBI atrapalhado e cometendo erros grotescos, que não passam despercebidos pelo público mais atento.

     Mesmo que seja um erro apenas, o fato dele se repetir constantemente atrapalha o desenvolvimento da história e acarreta sérias críticas ao tão elaborado enredo da trama. The Following anda nesse limiar, nessa tênue linha entre a genialidade encontrada na rivalidade de Ryan e Joe e a completa falta de senso do FBI da série, que acaba comprometendo o seu desenrolar.

     Cercada de críticas de um lado e elogios do outro, a faca de dois gumes "The Following" tem 15 episódios em sua primeira temporada, e é sim uma boa pedida para quem gosta de séries de investigação. Aos mais críticos, porém, será necessária paciência para se passar por cima dos furos de roteiro. É esperar pra ver se em uma futura segunda temporada algumas melhoras sejam feitas, para a série não ter que acabar nas costas de Kevin Bacon.