sábado, 24 de novembro de 2012

"Donde Están los ladrones?" Clássico Subestimado²



   Que Shakira é uma das mais talentosas, belas  e bem-sucedidas cantoras da atualidade não é novidade pra ninguém. Com uma discografia invejável, a colombiana vêm, nos últimos 16 anos, angariando  sucesso, prêmios, reconhecimento e respeito por seu notável talento musical, além de suas ações filantrópicas, como a fundação "Pies Descalços", que ajuda crianças carentes na Colômbia.

 No início dos anos 2000, com a popularidade crescendo no mercado americano e consequentemente mundial, Shakira foi incrementando sua música com elementos da música pop e eletrônica gradativamente. Não que ela não o fizesse antes, mas a batida dançante do hit "Estoy Aqui", que marcou o aparecimento da cantora no cenário latino, não se compara com os sintetizadores e batidas de seu mais recente mega sucesso "Rabiosa". A diferença é notável, e chega a gerar algumas reclamações entre fãs mais saudosos.

  O grande dilema é que algumas características fundamentais da música de Shakira acabaram por serem reduzidas com as modificações que ela fez. Um ponto positivo: ela nunca, NUNCA, retirou de seus discos às referências latinas que a consagraram no mercado internacional. O que ocorre porém, é que o flerte com o rock, as baladas à base de percussão e violões e as letras politizadas, elementos que a tornam uma cantora ainda mais especial, foram deixados um pouco de lado, especialmente em seus dois últimos álbuns de estúdio, "She Wolf" (2009) e "Sale el Sol" (2010).



   Fica faltando o destaque, o diferencial. Exigências de mercado a parte, e partindo do fato de que Shakira não precisa mais provar pra ninguém o seu enorme talento, pode ser que o que ela queira agora é divertir o público que um dia se emocionou com suas letras românticas ou que parou pra pensar quando ela quis opinar sobre o mundo em que vivemos. Loba, Loca ou Rabiosa, com os cabelos aloirados e um corpo escultural, ela fez de sua imagem sexy um chamativo muito forte, embora nunca tenha deixado a garota dos pés descalços ir embora. Só que o tempo passa, e muita gente pode acabar esquecendo daquela garota que, em 1998, surpreendeu o mundo com um álbum histórico.

  "Donde Están los ladrones?" é, até hoje, o disco de um artista latino, totalmente em espanhol, mais vendido nos Estados Unidos. É o segundo álbum de estúdio de Shakira e veio com a missão de suceder o bem sucedido álbum de estréia da cantora, "Pies Descalços". Fez muito mais do que isso! Colocou a cantora no nível de relevância dos artistas latinos mais importantes da música, como Mercedes Sosa.

   O disco abrange estilos dos mais variados, e começou a mostrar ao mundo o lado politizado, filosófico e ainda o lado mais sexy da cantora. A faixa título foi criada depois que ela teve uma mala, contendo todas as músicas novas, roubada no aeroporto. Após refazer todas as letras, ela ainda brindou os assaltantes com uma faixa excelente, um rock rural ironizando o tal roubo.
                                   

   O disco porém, começa com um pop latino dos mais animados. "Ciega Surdomuda", a primeira faixa, fala daquele amor obsessivo, um tanto quanto fictício, e tem um clipe divertidíssimo, que cheira a anos 90. É seguida pela faixa "Si te vás", mais voltada para o rock e uma das mais adoradas pelos fãs. A terceira faixa é a belíssima balada "Moscas en la casa", pessoalmente uma das minhas músicas preferidas de toda a carreira de Shakira. O começo de sucessos se encerra com a animada  "No Creo" e a romântica e incrível "Inevitable", que foi um grande sucesso na época.

                                                           

  A sexta faixa deu o que falar. "Octavo día" é uma espécie de conto aonde Deus, cansado e decepcionado com o que se tornou a humanidade, abandona seu "emprego" e vai viajar pra esfriar a cabeça."Não sou a classe de idiota que se deixa convencer / porém digo a verdade / e até um cego pode ver..." O trecho final do refrão gerou discussão entre conservadores e pensadores. Estaria Shakira criticando a religião, ou ela fala sobre a falta de amor e a manipulação politica e social na qual a sociedade vive? Cada um interpreta da forma que lhe convém. No mais a música tem um instrumental soberbo e é de longe a melhor faixa do disco.

 Seguindo com as românticas "Que Vuelva" e "Tú", o disco entra em sua fase final com a já citada faixa título. Ela é sucedida por uma balada mais experimental, "Sombra de ti". Para encerrar, uma faixa que entrou pra história da música pop, "Ojos Así". Com samples de música árabe (que acabou se tornando uma tendência no início dos anos 2000) a música fez um sucesso estrondoso, até hoje é lembrada e colocou Shakira na estratosfera do sucesso. Um encerramento criativo, animado e explosivo.
                                                         

  Confesso que esse disco têm significado especial pra mim. Ele me traz recordações lindas (eu tinha esse disco em cassete, cassete!!), traz uma Shakira querendo mostrar serviço, e conseguindo muito mais que isso! Não se pode tirar dela o mérito por usar sua inconfundível beleza nos álbuns que seguiram esse, os excelentes "Laundry Service", "Fijacion Oral vol 01" e "Oral Fixation vol 02". No entanto, de uma maneira geral, aquela colombiana sonhadora e talentosa, em começo de carreira, com cabelos negros e rosto mais redondo, ainda existe dentro daquele furacão loiro, cujos quadris não mentem.
                                                                   
                                                         
 


domingo, 28 de outubro de 2012

O Enterro da Cafetina : Divertidas reflexões sobre morcegos


Escritor, roteirista, redator. Essas são algumas funções atribuídas a Edmundo Nonato, mais conhecido por seu pseudônimo Marcos Rey (1925 -1999). Deveras famoso por suas histórias voltadas para o público infanto-juvenil, Rey é um dos principais e mais consagrados autores da famosa coleção Vaga-lume, que você provavelmente deve ter conhecido no auge de seus doze ou treze anos.

Marcos Rey, porém, também era famoso por seus romances e contos voltados para o público adulto. Conhecido e criticado! Os "especialistas" nunca engoliam bem os tórridos casos amorosos contados por Rey, regados ao consumo de álcool e ao apelo erótico usado pelo escritor. Usando sempre como cenário a cidade de São Paulo, onde nasceu e viveu, o maior talento de Rey era falar sobre quem podemos chamar de "adoradores da noite". É com este contexto que chegamos à obra que dá título a esta postagem, o livro "O Enterro da Cafetina", de 1967.

Não há nada de gótico, vampiresco ou sombrio na denominação "adoradores da noite". Apesar de provavelmente estampar a capa de um filme B qualquer, costumo usar esse termo  para denominar as personagens do livro. Isso porque, acima de qualquer paixão ou desejo, tais personagens são a noite. Amam o glamour da noite, o perigo que as ruas escuras podem trazer. São personagens que vivem seus dias em função de esperar o momento de afrouxar a gravata, acender um cigarro e pedir uma dose de conhaque, enquanto falam sobre as dores e prazeres da vida. Nas palavras do próprio autor "boêmios por natureza, por convicção, por excesso ou falta de dinheiro. Por solidão ou por amor à sociologia."

Somos apresentados a personagens que vivem histórias arrebatadoras de amor: seja por estrangeiras, por desconhecidas, até mesmo pela revolução cubana. Apresentados ao cantor de ópera aposentado, que vive a vida a beber e amaldiçoar seu antigo rival, passando pelo infeliz casado de meia idade, que não pode aproveitar os prazeres da vida, ao malandro muambeiro e ambicioso, que não perde a chance de negociar o que for possível vender, ao solteirão frustrado no trabalho e no amor, que só encontra alívio para seus dias frustrantes nas excitantes noites paulistas.

Alguns elementos narrativos dão ritmo e leveza as histórias do livro. Primeiramente, o humor com o qual algumas situações são narradas. Mesmo eventos tristes acabam divertindo o leitor. O principal exemplo disso é a história que dá título ao livro. Cafetina ou não, rica ou pobre, velha ou jovem, nunca se ouviu falar de enterro mais surreal e mais divertido. É interessante ver como o fetiche, o desejo sexual dos personagens, aflorado devido as doses a mais de álcool, e as vezes refletidos como ciumes exagerados, levam-os a atitudes extremas.
                                                         
                                       
  O que mais me impressiona em "O Enterro da Cafetina" é a sua atemporalidade. Já se passaram 45 anos desde a publicação da obra original, e o espírito dos "adoradores da noite" permanece vivo nos boêmios de hoje em dia. Não, eles não usam abotoaduras e não dizem "garção", afinal não estamos mais nos anos 60, mas ainda persiste uma estranha identificação com aqueles personagens. Por usarem a noite para se livrar de seus medos e traumas ou para esquecer seus problemas. Ser livre é algo que todos desejamos, e, ainda que banal, a noite é a forma mais acessível de se livrar da rotina.

Marcos Rey sabia  que havia gente que gostaria de ter nascido morcego. Viver a noite, pela noite e para a noite. Que assim como médicos recomendam ar puro, o espírito por vezes recomenda ar condicionado, de fabricação americana e instalado num lugar onde há álcool e música, e onde as mazelas da vida cotidiana dãom lugar a pessoas movidas por amor, qualquer tipo de amor. Que fique a lição!

                                                                             

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Whoa, Nelly: Clássico Subestimado


  Folk, Hip Hop, Ska, uma certa dose de Reggae e, quem diria, MPB. Fazer um álbum misturando tantos estilos distintos e produzir algo diferenciado era a intenção da canadense Nelly Furtado em 2000, época do lançamento de seu primeiro álbum, intitulado "Whoa, Nelly". O álbum foi lançado numa época em que boybands e cantoras pop dominavam as paradas musicais ao redor do mundo, e surpreendeu pela originalidade e mistura de ritmos, sendo sucesso de crítica e público. Seu maior sucesso foi a canção I`m like a bird, mas houve outros singles lançados, como "Turn off the litghs" e "Shit on the Radio".
                                                          
                                            

   Chama a atenção o fato de, hoje em dia, esse disco não ser mais tão citado quando se fala de bons álbuns de música pop. Seja porque atualmente a imagem vale mais do que a música em si, seja porque a própria Nelly Furtado não tem mais tanta expressão na mídia, o que, infelizmente, é necessário quando se faz música pop. O fato é que a própria Nelly conseguiu fazer um álbum que chamasse mais a atenção do que seu excelente álbum de estréia.

   Trabalhando com o hitmaker Timbaland, em 2006 Nelly lançou Loose, o terceiro álbum de sua carreira, que, através das músicas "Promiscuous" e "Say it Right", tornou-se um dos grandes discos daquele ano e    colocou-a pra sempre nas pistas de dança. Focado no pop, o disco não é ruim, mas acabou, de certa forma, delimitando a variedade musical sempre abordada pela cantora. 

                                                                 Capa do álbum Loose    

   Tal delimitação pode ser vista nas recentes investidas de Nelly Furtado. Seus recentes singles "Big Hoops (Bigger the better) e "Spirit Indestructable", são excelentes faixas bem ao estilo Nelly de antigamente, mas não alcançaram o sucesso de suas músicas "pop" do álbum Loose, e acabaram por também passar longe das músicas como I`m like a bird.

    Isso faz de "Whoa, Nelly", portanto, uma espécie de álbum subestimado. O disco foi ofuscado pelo hip hop eletrônico de Loose, pela postura sexy que a cantora assumiu em sua época "promiscua". Entretanto, o brilho da bela e interessante mistura de estilos do álbum permaneceu com o passar do tempo. Doze anos depois, é uma pérola da música pop.

                                                                     
  
   O álbum começa com a semi acústica "Hey, man" já mostrando que aquele não era um álbum pop comum. Refrão forte, letra inspirada, surpreendentemente bom. É sucedida pela leve batida de "Shit on the radio", cujo refrão é acústico, evidenciando a mistura de estilos. "Baby Girl" e "Legend" fecham o começo do álbum. A última tem um surpreendente ritmo de samba.

  O hip hop começa a dominar o álbum a partir da quinta faixa, a já citada "I`m like a bird". Após ela "Turn off the lights" e "Trynna finda way" mantém o clima festeiro, que só dimiui em "Well, Well", depois da única baixa do disco, a chatíssima "Party".
   
  O belo clima intimista do final do álbum começa com "My Love grows deeper everyday", que traz um belo instrumental voltado para o reggae, mesmo clima de "I will make you cry", décima primeira faixa. Como nunca pode faltar uma grandiosa balada, "Scared of you", penúltima música, têm essa função. Metade da música é em português, e apesar do chatíssimo sotaque de Portugal, é interessante como a melodia de nosso idioma faz diferença na música. O álbum se encerra com "Onde Estás", nova faixa em português, voz e violão, clima intimista e chave de ouro.

   Versatilidade e uma incrível mistura de culturas, referências e estilos. É o que Nelly Furtado têm de melhor e que faz de seu primeiro álbum um clássico do pop. Um clássico ofuscado pela própria indústria da música e por suas exigências de imagem e postura condizentes com o mercado radiofônico. É torcer para que ainda haja espaço para álbuns tão completos e criativos e para artistas com origens e referências tão plurais quanto a canadense que fala português.
                                                                
                                                                  

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

LP1: Ódio transformado em Soul


   Eu costumo dizer que, para uma cantora fazer um disco excelente, independente do estilo, ela precisa estar com raiva de um homem. Precisa ter sofrido, precisa guardar ódio no coração e expulsá-lo através da música. Se pegarmos apenas exemplos mais recentes, "21" de Adele (2011), e "Back to Black" de Amy Winehouse (2007), seguem essa premissa e são o que são. Sem contar os álbuns desse estilo que consagraram cantoras, como o clássico Jagged Little Pill, de Alanis Morissette (1997).

   Joss Stone, nome de destaque na Soul music contemporânea, costumava ser mais romântica, mais suave em seus discos. Pelo menos nos dois primeiros, "The Soul Sessions"(2002) e "Mind, Body & Soul" (2003). Eu confesso que não ouvi os sucessores destes, apesar de achar que seguem o mesmo estilo . Tampouco sei ou me importo com a vida pessoal de Joss. O que importa é que, ao que parece, ela resolveu desabafar em seu primeiro disco lançado de forma independente, LP1. O resultado?? O melhor disco feminino de 2011.

    LP1 não tem nenhum hit, nenhuma música de destaque nas rádios. É um álbum intenso, uma coleção de sentimentos espelhados em 10 faixas. Sem muita enrolação, sem muita metáfora, sem nenhuma firula. De começo, até dá a impressão de ser um disco calmo, delicado. "Newborn", a primeira faixa, fala até sobre dar as mãos e permanecer unidos. Uma bela faixa de abertura que esconde o que vêm logo depois. A raiva de Joss começa em "Karma", segunda faixa e a melhor do álbum. É daquelas músicas que impressionam pela energia que carregam.
                                                    clipe da música Karma

   Se a segunda faixa é explosiva, com guitarras afiadas e bateria marcante, o disco segue, musicalmente, com uma vibe mais tranquila. Joss, porém, descarrega tudo  nas letras fortes, consistentes e amarguradas. Amargura que também se evidencia na voz da cantora, carregada, entristecida. "Don`t Start Lying to me Now", "Last One to Know", "Cry myself to Sleep", "BoatYard", até a conclusiva "Take Good Care".

                                                                 

   É possível encontrar o disco com duas faixas bônus : "Picnic for two" e "Cutting the Breeze". Na minha opinião, as músicas são uma espécie de prelúdio para 'The Soul Sessions Vol 02". O novo lançamento da cantora que traz versões de vários sucessos (ou nem tanto), num clima que, de certa forma, contrasta com o  álbum anterior. "Cutting the Breeze", ouço dizer, é mais uma música country do que uma música soul.

LP1 é, na minha opinião, o melhor disco feminino lançado em 2011. É um disco tão intenso e sentimental. Há nele uma naturalidade, uma energia diferenciada. É um disco que agrada tanto quem gosta apenas de sentir a música quanto quem gosta de analisá-la instrumento por instrumento, nota por nota. Joss Stone se firma como uma das melhores cantoras da atualidade, quem dirá de todos os tempos, com uma discografia invejável, cheia de grandes álbuns. E o mais legal é que o melhor deles foi lançado de forma independente, evidenciando o talento da cantora e a sua dedicação à boa música.

                                                                           


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Conte-me seus sonhos (e cuidado pra não ter pesadelos com eles)


    Sidney Sheldon (1917-2007) é um dos autores de ficção mais vendidos de todos os tempos.Em anos gloriosos de carreira, seus romances conquistaram fãs ao redor do mundo e fizeram dele um fenômeno. Para se ter uma ideia, Sheldon é uma das únicas pessoas a ganhar três dos prêmios mais importantes em áreas diferentes, sendo o Edgar Allan Poe (Literatura de ficção), o Grammy (Música) e o Oscar (Cinema).

    Em 18 romances publicados ao longo dos anos, sendo que o primeiro deles (A Outra Face) foi publicado em 1970, é de se imaginar que, com o passar do tempo, fosse ficando mais fácil escrever histórias. Ainda mais quando se pensa que Sheldon costuma seguir certos padrões em sua escrita, geralmente protagonizada por mulheres de personalidade forte e sensualidade aflorada. Impressiona o fato de que, 28 anos depois do primeiro livro, em 1998, ele nos presenteia com seu romance mais desafiador: Conte-me seus sonhos.

    Como fã de Sheldon, imagino que deva ter sido difícil escrever uma história tão delicada. Dividido em três partes, o livro tem como temática o chamado Distúrbio de Múltipla Personalidade, transtorno psicológico incomum, porém real, e é dominado por uma espécie de tensão, de um incômodo vivido pela protagonista, e que acaba passando para o leitor.


    Ashley Patterson é uma americana jovem e bela. Trabalha em uma agência de publicidade e é constantemente observada e comentada por suas colegas de trabalho, Toni e Alette. Respectivamente inglesa e italiana, Toni e Alette não parecem simpatizar muito com a publicitária. Quando começa a ter lapsos de memória, Ashley se vê diante de um mistério. Uma série de assassinatos foram cometidos em lugares diferentes do mundo, e evidências de que Ashley esteve nos locais dos crimes tornam-a a principal suspeita de tê-los cometido.


     Presa e praticamente condenada, é perceptível que Ashley não sabe nada sobre tais crimes. Assim como é perceptível que Toni e Alette sabem bastante sobre o que ocorre. É esse o incômodo, a sensação de algo não tão bem explicado. A essa altura o leitor já percebeu o que se passa, e a grande questão passa a ser: Como provar isso a um juri?? Mesmo contratando um advogado excelente, a situação da protagonista é bastante delicada.


    Com um sensacional julgamento, cheio de reviravoltas e momentos de pura emoção (Nesse ponto não se consegue mais largar o livro),  Ashley  acaba internada em uma clínica, aonde passa por tratamento durante muitos anos. O fim da história se dá após tal internação, e é de arrepiar.


    O mais incrível é que, mesmo com um tema tão complexo e difícil de ser contado, a narrativa de Sidney Sheldon é , de certa forma, simples. O assunto é aprofundado de maneira em que ele flua com o enredo do livro, descartando explicações e teorias científicas complexas e chatas, o que prejudicaria a leitura.


    Conte-me seus sonhos é um livro único na carreira de Sidney Sheldon. É impossível passar por tal leitura e não se lembrar do quão surpreendente e viciante é o enredo, e ainda da forma simples e natural com que ele é contado. Um autor único, lendário, que conseguia desafiar a si mesmo e surpreender quem já acompanhava sua carreira, já repleta de sucessos e histórias espetaculares. A literatura ainda sente a falta de uma mente tão intensa e insana como a de Sidney Sheldon...







 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Monster: Horror em escala humana


   Chegou!!Finalmente começou a ser republicado no Brasil a série em mangá Monster, de Naoki Urasawa. 10 volumes da série já haviam sido publicados anteriormente pela editora Conrad, e agora é a panini que está a frente da (re)edição. No Japão, foi publicada pela revista japonesa Big Comic Original, entre 1994 e 2001. Existe ainda uma versão em anime completamente fiel ao mangá, produzida pela Madhouse, totalizando 74 episódios.

  Com um enredo surpreendente, personagens profundos, trilha sonora impecável e sequências de suspense de grudar na cadeira, Monster é destaque entre os mangás seinen (próprios para adultos), e costuma aderir fans por onde é publicado. Mais do que contar uma história, porém, Monster traz uma espécie de mensagem subliminar em seus capítulos, uma mensagem que nos faz perceber o quão moldável um ser humano pode ser e o quão terríveis são as consequências quando ele é forçado a seguir um caminho pré determinado.

   A história começa na Alemanha, em 1986. Dividida pelo muro de Berlim, o país ainda passa por uma reconstrução social após a segunda guerra, vivendo em plena guerra fria. Num hospital alemão, trabalha o neurocirurgião japonês Kenzo Tenma, ou apenas Dr Tenma. Talentoso e bondoso com seus pacientes, Tenma é querido por todos no hospital. Noivo da filha do diretor, Eva Heinnemen, suas teses e pesquisas são usadas pelo diretor do hospital para aumentar a boa reputação da instituição. Os créditos, porém, não são dados a Tenma por seu trabalho, o que não o incomoda, a princípio.
                                           o bondoso e talentoso Dr Tenma

   É um hospital de políticas. Cheio de médicos cujos egos se sobrepõem ao bem estar dos doentes. Sobressair-se em uma área é um adendo e uma passagem para o status que tanto se almeja. E Tenma é o especialista, o talentoso, o fenômeno da neurocirurgia. Um certo dia, quando estava se preparando para operar um caminhoneiro ferido em um acidente,Tenma recebe um chamado urgente para operar um famoso cantor de ópera. Por ordens do diretor (e sogro),Tenma não respeita a ordem de chegada dos pacientes e troca de sala de operação. O cantor sobrevive sem sequelas, enquanto o turco morre.

     A consciência do doutor só pesa após um desesperado desabafo da viúva do pobre operário, que afirma que seu marido havia chegado antes ao hospital e ,que, portanto deveria ser operado primeiro. Porém, ao tentarem consolá-lo, sua noiva, seus colegas de trabalho e seus superiores afirmam que há diferenças entre seres humanos, que as vidas têm valores diferentes e que a principal motivação da medicina é contribuir para o futuro da ciência. Passivo, submisso e permissivo, Tenma concorda calado com tais afirmações.

     Mas a vida do médico muda totalmente quando ele resolve ouvir sua própria opinião. Numa noite, Tenma é chamado para operar um garoto que é levado ao hospital após levar um tiro na cabeça em um assalto onde seus pais foram mortos e sua irmã gêmea ficou em pleno estado de choque. Quando estava prestes a começar a cirurgia no garoto, o diretor do hospital ordena que Tenma opere o prefeito da cidade, que acabara de sofrer um derrame. 

      Com o peso e a lembrança do desespero da esposa do operário, Tenma desobedece as ordens do diretor e opera o garoto que é salvo, enquanto o prefeito morre. A consequência de tal atitude é desastrosa para o correto médico. Tenma perde seu posto, sua noiva, sua reputação é reduzida e ele passa a trabalhar no hospital como um mero residente. Até o direito de cuidar da recuperação dos gêmeos Johann e Anna Liebert, que foram salvos por ele, é tirado do médico. Em frente ao garoto inconsciente, Tenma faz um desabafo, discordando de tudo o que lhe foi falado por seus superiores. Sua revolta é tanta que ele chega a desejar a morte dos diretores e médicos que o humilharam.

       Após uma noite de bebedeira, revoltado por sua situação, Tenma é acordado pela polícia. O diretor geral do hospital, além do diretor de neurocirurgias e dos dois médicos que tomaram seu lugar estão mortos. Além disso, os gêmeos desapareceram de forma misteriosa. Tal fato dá uma nova guinada na história, e o pobre Dr Tenma, que perdeu tudo por agir conforme considerava ser a atitude certa, se torna diretor geral do hospital, uma grande ironia do "destino".

       Nove anos se passam e o diretor Tenma agora é chamado para atender um paciente em um hospital da periferia. O tal homem está sendo investigado pela BKA pois pode ser a chave para solucionar uma série de assassinatos em série de casais de meia idade. À frente da investigação está o inspetor Lunge, que também foi o responsável por investigar a morte dos médicos e o sumiço dos garotos. É Lunge que percebe que as mortes daqueles médicos, de qualquer ângulo que se olhe, só beneficiaram uma pessoa: Dr Tenma.

     A grande surpresa vêm quando Tenma decide visitar seu paciente em uma noite. Ele descobre que o guarda que o vigiava foi morto e vê seu paciente fugindo. Ao segui-lo até uma construção, ele se depara com um homem portando um revólver. Esse homem é ninguém menos que Johann, o garoto de nove anos antes, que mata o paciente de Tenma e ainda afirma ser o responsável pela morte dos diretores. Afirma também que fez tudo aquilo como forma de agradecimento pelo médico ter salvo sua vida. E então ele vai embora, deixando um Tenma paralizado, estático, mergulhado num medo que nunca antes havia sentido.
  
    Parece que contei a história toda, mas acredite, esse á apenas o primeiro volume do mangá e corresponde aos quatro primeiros episódios do anime. Partindo desse ponto, Tenma se vê obrigado a abandonar sua vida como médico e seguir o rastro de Johann, o monstro que ele ajudou a salvar, colocando seu futuro na Alemanha em xeque. Em seu encalço, porém, Tenma terá o inspetor Lunge, que acredita que o médico é culpado pelas mortes.

    Com o tempo, Tenma verá que mais importante do que descobrir qual o próximo passo de Johann, é saber de onde ele veio e o que o tornou um ser tão frio. Dupla personalidade, Disturbios mentais, ou Johann é a encarnação do mal?? O que o objetiva?? Por que um jovem garoto tão inteligente, tão belo e tão educado mata friamente e sem pensar duas vezes?? A resposta a esse enigma é aterradora. Johann tem um perfil enigmático, e saber de seu passado se torna a única maneira de pará-lo.
                                   
                                       
                                            A face cruel de um monstro.  
     
   Não bastasse isso, Tenma se vê as voltas com o ódio de sua ex noiva, Eva Heinnemen. Ele passa a ser perseguido pela polícia e, no encalço de Johann, vai se deparar com neo-nazistas, assassinos em série, psiquiatras, e todo o tipo de gente. E por onde andará a irmã gêmea, Anna Liebert?? Tudo isso se desenrola ao longo da história, que tem viradas espetaculares e envolve lavagem cerebral, disturbios da mente e o mais puro e simples suspense.

    Um dos pontos mais interessantes de Monster é o fato de pessoas sem poderes mágicos serem os protagonistas. Isso não é tão comum assim em animes, e o fato de tanto terror e tantos acontecimentos serem obra de seres humanos parece aumentar ainda mais o horror desta história. Os mangás de Naoki Urasawa tem essa característica como premissa, o que destaca o autor dos demais.

     Por trás da mente doentia de um psicopata como nenhum outro, existe um garoto com um objetivo que vale mais que sua própria vida. Por trás da doçura e dedicação de um médico que ama sua profissão, existe um homem rancoroso, triste e arrependido de fazer o bem.
                                         
                           Veja a abertura do anime de Monster 

      Monster é daquelas séries que não se larga fácil. Em alguns pontos é difícil de entender o que se passa. Mas o principal é que Monster é uma história que fala de seres humanos, do quanto são fracos e passíveis de serem influenciados, direta ou indiretamente. Do quanto podemos nos adaptar as novas situações e ambientes a que somos apresentados, e do quão sombrio podemos ser quando conduzidos ao mau. Isso independe de nossa natureza e de nossos instintos, é o que somos por dentro, monstros sem limites.
                                           
                                             O retrato de uma vítima do mal.
    

















segunda-feira, 9 de julho de 2012

"Boa parte de mim vai embora" Um tórrido folk-rock romântico


     Como num lamento entre conhecidos num bar (ou desconhecidos, dependendo do nível de álcool no sangue) , este disco entra para minha galeria de preferidos trazendo o que o Vanguart têm de melhor: letras e melodias que beiram o bolero canastrão, com uma boa base de rock e uma pitada de humor.

     "Boa parte de mim..." é o segundo álbum da banda e sucede o excelente "Vanguart", disco que apresenta características bem semelhantes ao seu sucessor. Ainda é possível sentir o frescor de um artista que está começando neste novo trabalho. Agora, porém, ele se mescla a uma certa segurança, afinal a banda já está na estrada a um tempo e já sabe o que o público espera.
                                     .http://www.youtube.com/watch?v=oSU8UYodkmQ

     "Mi vida eres tu", como primeira faixa, mostra que a banda tem um som bem diferenciado no cenário nacional, uma mistura que alegra e emociona à medida em que o disco avança. A segunda faixa, que tem o chamativo nome "Se tiver que ser na bala, vai"é uma animada sequência de abertura. O disco também tem como destaque as faixas "Nessa Cidade", "Amigo", a bela "O que a gente podia ser" e ainda a animada "Depressa", que encerra o álbum de forma inesperadamente divertida.
     
     Eu conheci o Vanguart da melhor forma possível: em um show. Foi num festival a pouco mais de um ano em Belo Horizonte. Sabia que eles tocariam, e tinha até ido pra ver outra banda. O show foi incrível, já havia um bom número de fãs no local, e me impressionou a energia da banda no palco. O uso dos instrumentos de sopro e as letras em espanhol dão um certo "estilo" que ninguém mais tem na música brasileira, excelente.

    Letras em boa parte românticas, até bem piegas e canastronas, mas que combinam bem com o som folk do Vanguart. "Boa parte de mim vai embora" é mais um álbum de um artista nem tão conhecido assim, mas que se destaca entre o público underground e a crítica, e que põe em xeque a premissa de que pra fazer sucesso não precisa de conteúdo, coisa que as grandes gravadoras adoram pregar. Vale a pena baixar, ouvir e se impressionar. De preferência com um conhaque no copo e um cigarro aceso (caso você fume).



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Treme: Um Brasil popular demais mostra seu lado interessante

   Gaby Amarantos. Se você ouviu esse nome, acredite: você está vendo muita tevê, ouvindo muito rádio, enfim, assim como eu, você está prestando atenção em cultura popular brasileira. Eu digo isso porque Gaby Amarantos, que alguns chamam de Beyoncé do Pará (simplesmente a comparação mais tosca que existe), é  a onda musical do momento.
             
                http://www.youtube.com/watch?v=TyYdqKruD1c&feature=related

   Vinda de um tal tecnobrega, que possui uma força absurda no Pará e nordeste em geral, e é um estilo no qual ritmos culturais e populares do nordeste brasileiro são misturados com elementos eletrônicos, Gaby surpreende ao pegar algo que é comum e generalizado e colocar um elemento importante quando se quer fazer música boa: Personalidade.


                                                    
     Intitulado de "Treme", o primeiro disco da cantora por uma grande gravadora é um disco que agrada quem já gosta de estilos populares como o forró, mas surpreende quem ,assim como eu, torce o nariz  para ritmos "do povão".

     Gaby Amarantos se difere da massa de artistas populares da atualidade por saber o que está fazendo. "Treme" mostra que a cantora  não é uma hitmaker daquele pop sertanejo sem graça e falsamente romântico, ou daquele axé sem graça e sem sentimento que faz com que eu volte meus ouvidos para a MPB e para o rock. Existe um lado artístico que vai além de fazer hits ou colocar músicas em abertura de novela. O disco quer mostrar um Brasil que consegue ser sofisticado, inovador, porém popular.

      Não é gostar do estilo, não é admitir que é bom, não é balançar ao som do tecnobrega, é simplesmente ver que, além da voz surpreendentemente boa, Amarantos respeita e valoriza  a cultura nordestina sem, no entanto, esquecer que o pop é algo fácil de se gostar. A mistura da cantora é surpreendente e , mesmo quem a princípio não gosta deste tipo de som, entra no clima e percebe que não se trata de algo pré-fabricado, feito para virar moda, o que existe é uma valorização cultural com uma pitada de modernidade, divertido, tradicional, porém ousado.
 
                                          http://www.youtube.com/watch?v=niGt6fhwMtA          

     "Eu vou samplear eu vou te roubar" . A frase do refrão de "Xirley", faixa que abre o disco, já mostra que chamar a atenção é bem o que a cantora quer. A sanfona sampleada, a batida eletrônica, tudo na primeira faixa já mostra o estilo que Gaby quer passar. A letra simples, sem palavras difíceis, caracteriza a popularidade e simplicidade do álbum. "Ela ta Beba doida" e "Ex mai love", faixas consecutivas, formam o trio de hits do álbum, um começo explosivo. Outros destaques são a participação de Fernanda Takai na faixa "Pimenta com sal", as faixas "Gemendo" e "Eira', a levemente lenta "Chuva" e a dançante e explosiva "Faz o T", que fecha o álbum.

     Acredito que é grande a chance de quem ler isso (sabendo que são meus amigos que lêem o blog) não gostar de "Treme", não se dar ao trabalho de ouvir o disco, não perder seu tempo,enfim. Mas o que quero deixar claro é que a intenção deste post não é fazer de você um fã ou mesmo um respeitador de um ritmo tão estranho e, por muitas vezes, ruim (quem se lembra de Deja vu sabe bem o que estou falando), é simplesmente mostrar que personalidade e talento, além do respeito pela sua cultura e pelas suas raízes, fazem sim um grande disco, independente do estilo.




   By Carlos









quinta-feira, 24 de maio de 2012

2 Coelhos: A cereja do bolo do cinema nacional



      Pense em um filme brasileiro que trata de criminalidade e corrupção. Agora pense nestes dois temas trabalhados de uma forma nunca antes vista no cinema nacional. Quem ja viu 2 coelhos sabe bem do que estou falando. Aqui, qualquer clichê relacionado a filme nacional é quebrado e uma nova concepção nasce: Misturar uma boa história, cenas de ação e a realidade do nosso país.
      Dirigido por Afonso Poyart, que se lança como diretor, 2 Coelhos é mais que um filme, é uma quebra de regras. A criminalidade, a favela, a guerra entre gangues de bandidos se torna pano de fundo do enredo chocante que Poyart apresenta. Soma-se a isso tudo o que é falado sobre corrupção, tema recorrente na imprensa brasileira e aqui,  tratada como fato, como consequência ,como algo que acontece de forma até corriqueira.
       No meio de tudo isso, um protagonista intrigante. Edgar é um jovem viciado em sexo e vídeo games que passou os últimos tempos nos Estados Unidos e volta ao Brasil com um mirabolante plano para fazer justiça social e acabar de uma vez com a bandidagem e a corrupção, matar 2 coelhos com uma cajadada só.
       É claro que em se tratando de um anti-herói, Edgar escolhe os meios mais sujos e estranhos de colocar seu plano em prática. Tal plano envolve mais pessoas, desde o bandidão Maicon, líder de uma gangue que rende bons momentos de ação e comédia ao filme, até um político corrupto e sua dedicada e apagada esposa.
     O tal plano é o mais intrigante de todo o enredo. A partir do momento em que bombas e malas de dinheiro também entram na história, que também envolve Júlia (Alessandra Negrini) uma promotora de justiça com ligações no mundo do crime  e um ex- professor de faculdade (Caco Ciocler) que tem em seu passado algo em comum com o protagonista , fica a dúvida de até onde Edgar será capaz de ir para concluir seu plano.





     Um grande destaque do filme são os efeitos visuais. É raro no Brasil uma película possuir tantas explosões, tantos slow-motions e tantas cenas de ação feitas com a qualidade que 2 Coelhos apresenta. As cenas de ação são vibrantes, a câmera é, de certa forma, nervosa e a não-linearidade da história contada dão um ar ainda mais diferenciado ao filme. Pra chamar a atenção do público jovem, até cenas inspiradas em vídeo-games são usadas.




     Com uma conclusão excepcional e de tirar o fôlego, em 2 Coelhos todos são bandidos, todos são ladrões e todos tem um pé no mundo do crime. Porém todos também desejam um futuro melhor pra si mesmo, pra quem ama e até pra quem um dia foi prejudicado com alguma atitude sua. Ação com fundamento e favela apenas como parte da história, é um filme que representa a nova cara do cinema nacional, cada vez mais diversificado e ousado. É esperar que daqui a algum tempo possamos acabar de vez com ainda persistente preconceito em relação ao cinema nacional. Concordo que , por algum tempo tal preconceito teve seu fundamento, mas 2 Coelhos é a prova final de que é necessário rever nossos conceitos.






                                              
                                               http://www.youtube.com/watch?v=IaGYMOOjMwA


terça-feira, 24 de abril de 2012

Code Geass: Atos, Consequências e Opiniões

   Hoje vou falar de anime, mas não de um anime qualquer, quero dissertar um pouco sobre Code Geass, um anime produzido pela Sunrise (bem conhecida por quem gosta do gênero), que traz uma história complexa, diferente e deixa em seu final uma mensagem incrível.

  Eu comecei a ver Code Geass provavelmente a mais de um ano, e só terminei agora por dois motivos. Primeiro, meu tempo que se tornou escasso e, segundo, porque Code Geass não é um anime fácil de ver. Nem fácil de engolir. Os primeiros vinte episódios da primeira temporada são bons, mas são cansativos e não mostram o potencial que o enredo tem, isso só vem depois do vigésimo primeiro episódio, que traz uma virada espetacular na história.

   A primeira fase conta sobre a colonização do Japão pelo império de Brittania, que domina a ilha e passa a chamá-la de área 11. Os japoneses nunca aceitaram o domínio dos Brittanians, mas nunca puderam se libertar  devido ao poder pífio da resistência. É nesse contexto que  o protagonista Lelouch Lamperouge é apresentado. Ele, que vive na área 11, se torna o líder dos rebeldes, que acabam conhecidos como a "Ordem dos Cavaleiros Negros" sob o codinome de Zero, um líder mascarado que, apesar da desconfiança inicial, prova que tem capacidade pra liderar os cavaleiros e até pra libertar o Japão da opressão.

   Por baixo da máscara de zero, porém, o estudante esconde dois segredos. O primeiro, é que Lelouch é, na verdade, Lelouch VI Brittanian, décimo primeiro príncipe na sucessão do trono, e quer libertar o Japão para se vingar de seu pai, o imperador, que aparentemente não se importou com o atentado terrorista que matou sua mãe e traumatizou sua irmã mais nova Nunnally aponto de deixá-la cega e paraplégica. O segundo, é que Lelouch recebeu de uma misteriosa mulher, conhecida como C.C, uma habilidade especial conhecida como Geass, habilidade que faz com que Lelouch possa dar uma ordem para qualquer pessoa e tal ordem deve ser cumprida, a qualquer custo.
  
   Partindo daí, Lelouch passa a agir como Zero e lidera os cavaleiros conseguindo incomodar o império. Ele enfrenta, porém, dilemas que aparecem em sua vida pessoal, como o comprometimento de sua amizade com Kururugi Suzaku, o filho do último primeiro ministro japonês, que acaba se aproximando do império e se torna cavaleiro da princesa Euphie, Brittanian que luta pela paz no Japão.
   
    O que chama a atenção à cada episódio é a ênfase que é dada às consequências dos atos do protagonista. À medida que age como Zero, Lelouch compromete cada vez mais a vida de várias pessoas ao seu redor, usando o Geass ou com alguma estratégia de guerra. Fica claro que, para dar à Nunnaly um mundo melhor, Lelouch será capaz de qualquer coisa. Junta-se a isso os mistérios e as histórias de outros personagens (aliás, é o anime com mais personagens secundários que eu ja vi), e a primeira temporada se arrasta com lutas entre os Nighmares, os robôs gigantes do exército imperial ou da resistência, e as estratégias de guerra. E então acontece a virada...

    Num dado momento, as tais consequências apontadas desde o começo aparecem e abalam profundamente a vida de Lelouch/zero. Tudo o que ele fez até então, todas as ações, todos os movimentos, todas as vidas que ele destrói, todas as vidas que ele poupa, tudo volta para ele. Cabe ao espectador definir se tais atitudes são ou não corretas, vale a pena comprometer a vida das outras pessoas para realizar um desejo pessoal, por mais nobre que tal desejo seja??

   O poder do Geass, que a princípio era a grande vantagem, se mostra uma faca de dois gumes, uma arma poderosa para zero, uma difícil consequência para Lelouch. O bem de sua irmã justifica o mal de todos os outros seres humanos?? Zero se torna herói de uns e vilão de muitos outros, o que põe em xeque tudo o que o protagonista faz durante a história.

   Obviamente que não posso contar como termina, mas as consequências dos atos de Zero põe à guerra como pano de fundo da história. O bem coletivo, que era  o desejo de Euphie, faz o protgonista repensar seus atos e escolhas, e faz com que nós pensemos não em nós mesmos, mas em nós como um todo. O que você faz pode ser bom para você e quem você ama, mas pode significar algo de ruim para alguém que também deseja o bem. O anime deixa isso martelando na cabeça no último capítulo.

   Trilha sonora espetacular, batalhas incríveis e um enredo de aplaudir em pé. Code Geass não é um anime comum, foge da regra chata que os animes carregam, e ainda deixa uma reflexão que cabe tanto ao futuro fictício da história quanto ao mundo em que vivemos. Individualismo visto como um problema, mas também como a única saída para atingir suas ambições. 51 episódios, valeu a pena cada segundo.


By Carlos
   

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Born to Die: Simplicidade e Pessimismo

Quem gosta de música e internet, independente do estilo, provavelmente ouviu falar em Lana Del Rey. Essa moça causou um certo frisson no mundo da música em 2011 lançando, à princípio apenas online, algumas músicas que, mais tarde vieram a fazer parte de seu disco "Born to Die".

Ouvindo o disco é que se percebe o quanto Lana representa uma carência de algo fora dos padrões radiofônicos. Born to Die é um disco que, em outras circunstâncias nunca teria o destaque que teve, mesmo com toda a divulgação da cantora pelo fato de priorizar as vendas virtuais. É constante demais, sombrio demais e pessimista demais. Não que isso seja ruim, o disco é realmente muito bom, mas o barulho causado em se tratando de um disco nada dançante, com letras tão pra baixo e sonoridade nada convencional representa um cansaço do público da grande onda eletrônica que, nos últimos anos, tomou conta da música.

É claro que aparecem também as comparações e os elogios que colocam o artista em um ponto aonde ele não pretende chegar. Dizer que Lana Del Rey é uma nova diva do pop, por exemplo, chega a ser cômico. Que fique bem claro: LANA DEL REY NÃO É DIVA, NEM É POP. A maior prova desse fato é o próprio disco, com letras que podem sim se referir a alguém ,mas que poderiam falar até da própria carreira relâmpago que a cantora pode vir a ter. Ela e sua carreira, nascidas para morrer, pode ser daqui a um mês, podem ser daqui a muitos anos.

Para constar, os detaques do album são a própria "Born to die" e o hit "Blue Jeans". Além dessas, "Summertime Sadness", "Radio", "Dark Paradise" e "National Anthem" merecem destaque. São músicas que se parecem umas com as outras, mas que dão um ar concreto ao álbum.

Com uma imagem errôneamente associada a um pioneirosmo musical (quem conheceu Lana acha que nunca existiram Sia e Bjork), no fim das contas Lana Del Rey é talentosa, bela e tem um disco com letras melancólicas e musicalidade sombria. O ponto positivo é que é um alívio saber que há espaço pra ela, um espaço merecido e que eu sinceramente espero que ela ocupe por muito tempo. O ponto negativo é colocar nela uma imagem pop, de diva, imagem que ela deixa bem claro pra quem ouve atentamente seu disco que ela não quer, nem precisa. Ao lado de outros talentos não radiofônicos, Lana residirá na cabeça do grade público por não se sabe quanto tempo. Caso seja esquecida, pode seguir o exemplo de Sia, não ter divulgação e ainda sim ser admirada por quem quer ouvir uma boa música , independente da imagem que se tenha na mídia. Os verdadeiros fãns aparecerão aí.


By Carlos

quinta-feira, 15 de março de 2012

Um pouco de música... Mando Diao

Reparei em algo outro dia: Não fiz até hoje nenhum post sobre rock. Isso se deve a vários fatores. Primeiro, eu tenho ouvido outros estilos. Ja a algum tempo que a soul music e a mpb tem tomado meu tempo e minha atenção quando se trata de música. Segundo, não fiz um post sobre os Engenheiros do Hawaii, que são uma banda de rock. Fiz um post sobre um disco específico, portanto não conta. Terceiro, não vale a pena fazer um post sobre a maioria das minhas bandas preferidas, pois elas são preferidas de tanta gente, que seria chover no molhado. Vale a pena falar de discos dessas bandas, o que será feito mais à frente.

Enfim, sobra portanto apresentar a minha banda preferida atualmente, o Mando Diao. Nascida na Suécia, mas especificamente na cidade de Borlange, Mando Diao existe desde 2001 e, desde sua fundação, lançou cinco álbuns de estúdio, duas coletâneas (sendo uma delas um acústico mtv), alguns ep´s e alguns b-sides. A banda não tem expressão mundial, não é tão conhecida nem no meio do rock, mas conquista o respeito e a admiração de quem escuta.

É perceptível a influência das bandas sessentistas como Beatles, Stones e The Who no som dos caras, principalmente nos primeiros álbuns. Aqueles refrões grudentos e guitarrinhas ritmadas, além do do conjunto de músicas dançantes com baladas românticas, por vezes politizadas. Não se deve pensar, porém, que a banda é antiquada. O grande lance é fazer um som vanguardista com pitadas de modernidade, e isso o vocalista e principal compositor da banda Björn Dixgård faz muito bem.

Essa mistura entre antigo e moderno pode ser vista principalmente no último álbum de estúdio da banda, "Give me Fire" (2009). Com o adendo de uma bateria mais eletrônica, o disco ganha uma roupagem incrível, faixas como "Dance with Somebody" e a faixa-título animam qualquer velório. Entre as restantes, "Maybe just sad", "Come on come on" e "Go Out Tonight" também tem destaque. O disco conta também com a tocante "Crystal", uma balada que tem uma das letras mais bonitas de que eu ja tive notícia.

Os discos anteriores a esse, "Never seen the Light of Day" de 2007, e "Ode to Ochrasy", de 2006, tem uma vibe mais sessentista ainda. Juntam músicas cantadas apenas com voz e violão com algumas mais sofisticadas, pesadas e dançantes, o que agrada a todos. Entre os destaques "Not a Perfect Day", "Gold", "Misty Mountains", "Ochrasy", e "Long Before Rock´n Roll".

Os dois primeiros álbuns dos caras são o excelentíssimo "Hurricane Bar", de 2004 e "Bring'em in" de 2002. Ambos seguem de forma mais crua tudo o que ja foi falado anteriormente sobre a banda. Com uma discografia impecável dessas, não deve haver mais nada a dizer sobre a banda. Na verdade há sim. Deve ser dito aqui sobre os b-sides que sempre acabam vazando na rede. Músicas como "Last Time Infected" e "How we Walk" me fazem perguntar sempre porque não foram colocadas nos álbuns. São por vezes mais incríveis do que as faixas escolhidas.

Por fim, espero ter passado um pouco da admiração que tenho por essa excelente banda pra vocês. Baixem, escutem e digam o que acham, pois Mando Diao sim é uma banda de rock que merece ser ouvida e admirada. Até a próxima!!

http://www.youtube.com/watch?v=ynspEsyWd3k


By Carlos

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

St. Elsewhere: Uma Análise sobre a loucura do normal

Tanto tempo sem postar quase me enlouqueceu. Loucura , aliás, é um tema recorrente desse post. Quero hoje analisar e dar meu ponto de vista sobre um disco delirante, complexo e, por vezes, incompreensível. Porém, tal disco é de uma genialidade tão absurda que , se não é, um dia será considerado um clássico dos anos 2000. Bem vindos à loucura de St. Elsewhere, do Gnarls Barkley.
O Gnarls Barkley é um duo norte americano formado pelo intérprete e rapper Cee-lo Green e pelo dj Dangermouse. Desde 2006 a dupla lançou dois álbuns, The Odd Couple (2008), que não tem nenhum hit de destaque mesmo sendo um excelente álbum, e o já citado St. Elsewhere (2006), que tem como carro chefe o mega hit "Crazy", que colocou a dupla no topo da parada de vários países mundo afora. A música chegou a ser eleita a segunda melhor dos anos 2000 pela Rolling Stone americana, ficando inexplicavelmente atrás de Crazy in Love, da Beyoncé.

O irônico é que o nome do maior hit da banda é justamente sobre o que o disco "disserta". St Elsewhere fala sobre loucura em todas as suas faixas. É como se o disco contasse a história de como uma pessoa normal se descobre louca e tudo o que ela passa a fazer após tal descoberta. Cada música fala sobre um ponto de vista do louco da história, de como a sociedade o vê, de como ele se vê, e o que ele faz pra conviver ou se curar disso.

Junte a esse tema o som alternativo do Gnarls Barkley, com a voz marcante de Cee-lo junto as batidas de hip hop em conjunto com batidas eletrônicas e sons nem tão musicais, letras um tanto quanto subversivas que temos, por fim, um disco que fala de loucura enquanto enlouquece.




O disco ja começa mostrando o som alternativo característico do Gnarls Barkley. A primeira faixa "Go-go Gadget Gospel", é rápida e tem sim uma função introdutória. A letra chama a atenção por falar de uma certa normalidade "Estou bem no meu lugar, tenho quase tudo [...]". Quando ela acaba, é sucedida pela conhecida "Crazy", que fala justamente sobre achar que é louco. É como se o protagonista do disco descobrisse tal fato, e tentasse entender aquilo, além de tentar descobrir loucura em outras pessoas, mesmo elas aparentando serem normais. Ele ainda tenta ver se o seu passado tem a ver com o fato de ser louco. Acha muito pra uma música de três minutos?? É só prestar atenção à letra: "Meus heróis tinham o poder de atravessar todos os obstáculos, e tudo o que eu me lembro é ficar pensando: Eu quero ser como eles..."

Após se descobrir louco, é hora de abandonar a vida que se tem e sair por aí, procurando alguém que compartilhe de sua loucura. É isso que St. Elsewhere, faixa-título e terceira musica do album conta. Ela é seguida por Gone Daddy gone, uma animada faixa em que ele conta a seu pai que o amor foi embora. Tão sem sentido quanto o clipe da música, a princípio.

A história segue falando de pessoas sorridentes e monstros no armário. Em smiley faces ele se depara com alguém sempre sorrindo e em The Boogie Monster descobre que o monstro que tanto o assusta de noite é um espelho. Seriam a pessoa sorridente e o monstro o mesmo ser?? Mais a frente, na faixa Who Cares, ele diz ser duas pessoas, portanto há ligação entre as faixas.

Feng Shui fala sobre não se adaptar à sociedade, e é seguida por Just a Thought(melhor música do álbum), que fala de suicídio. Pelo menos, diz que suicídio é um pensamento constante na vida. As faixas seguintes seguem com esses dilemas sobre a tênue linha entre loucura e sanidade. Entre "Transformer" e "Storm Coming", é dito tudo sobre o que ja foi falado nas outras faixas, seguido ainda por uma espécie de tentativa de cura, de adaptação. O disco termina com "The Last Time", que fala sobre um reencontro. Após tudo isso, o disco dá a impressão de que o amor que se foi em "Gone Daddy gone" volta e se descobre também louco, louco a ponto de juntar loucos num mundo que é louco por ser normal, entende??

A grande sacada é que ao ouvir tudo o que é cantado nesse álbum, conseguimos perceber traços de uma pessoa como qualquer outra no protagonista, o louco. O louco seria normal?? A frase final da segunda faixa do disco, o hit "Crazy", volta então a martelar na minha cabeça, dessa vez com um significado maior: "Talvez eu seja louco, talvez você seja louco, talvez nós sejamos loucos... Provavelmente".

http://www.youtube.com/watch?v=hh5ZdQrz4Qk&NR=1&feature=endscreen





By Carlos



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mulher Mata os Cinco Filhos Pequenos Afogando-os em uma Banheira!

Em 2001, noticiários ao redor do mundo exibiram a manchete que relatava o surto psicótico de Andrea Yates, texana que se sagrou psicopata após assassinar os cinco filhos.

A Notícia, causa de comoção para muitos, foi, para o roteirista Marc Cherry, o gatilho para a criação de sua  série mais premiada: Desperate Housewives.


Desperate Housewives: Série inspirada em um surto psicótico

"Quais os motivos que poderiam levar uma mulher a ficar tão desesperada a ponto de cometer tamanha monstruosidade"? 

Marc Cherry

Essa indagação foi feita por Cherry a si mesmo quando assistiu a matéria sobre Yates. (Fonte: Wikipedia)  Ele tenta respondê-la durante as oito temporadas de Desperate Housewives através de uma narrativa dramática com elementos de comédia e ironia, além de aspetos de humor negro, explorando, em seus personagens, o limiar entre a loucura e a normalidade presentes no cotidiano. 



O Seriado:

Desperate Housewives conta a estória de cinco donas de casa em um subúrbio fictício chamado Wisteria Lane. Esse bairro é uma caricatura dos subúrbios americanos, com seus belos jardins floridos, vizinhos sorridentes conversando entre as cercas, crianças correndo nas ruas e casas perfeitas.

Wisteria Lane: Típico Subúrbio Americano



Após introduzir esse cenário extraído de um conto de fadas contemporâneo, o seriado quebra as expectativas do telespectador ao abordar como  temática principal, o lado obscuro dos personagens que compõem a trama. Cria-se um paradoxo entre o cenário perfeito e os personagens sombrios. E é justamente essa contradição que define os acontecimentos do seriado.





As Protagonistas, os coadjuvantes e até mesmo os personagens secundários escondem segredos. Mas para viver em meio às pessoas, eles lutam para esconder quem realmente são, pois têm medo de serem julgados, repreendidos, presos ou até mesmo assassinados. É assim que Wisteria Lane toma forma, pois, na tentativa de ocultar quem realmente são, os moradores do bairro criam a vizinhança perfeita.

A série explora as falsas aparências, e é por isso que a medida que a trama se desenrola e os segredos dos personagens são revelados, a figura da simples dona de casa é desconstruída e as protagonistas se vêem envolvidas em situações inusitadas e desesperadoras, onde têm que lidar com todos os tipos de adversidades.

As situações inusitadas são um dos pontos fortes da Série


Episódio Piloto:


No episódio piloto de Desperate Housewives, o telespectador é apresentado a uma narradora onisciente. Ela é a personagem principal do seriado e se chama Mary Alice Young. 

Mary Alice é uma dona de casa preocupada em mostrar para os amigos e vizinhos que sua vida é perfeita, que sua família possui valores morais íntegros, que seu matrimônio é feliz, que seu guarda-roupas é tamanho 36, e muitas outras características que evitem que as pessoas julguem sua vida.

Nos três primeiros minutos do episódio piloto, a narradora relata sua rotina em um dia aparentemente normal, até o momento em que comete suicídio. 


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Mary Alice Young: A Protagonista comete suicídio no terceiro minuto do episódio piloto

Mary Alice possui quatro amigas, co-protagonistas do seriado, além de serem donas de casa igualmente desesperadas para manter um status de perfeição, e que se revoltam com a atitude egoísta de Mary Alice.

No decorrer do episódio, as quatro personagens principais mostram que são pessoas normais, mas que diferentemente do que tentam demonstrar, possuem segredos ou fraquezas que se esforçam para esconder.

Quase no fim do episódio, as donas de casa encontram um bilhete no meio das roupas de Mary Alice com os dizeres:

"Eu sei o que você fez
 e isso me dá nojo
 vou contar para todo mundo"

Após lerem a carta,  as donas de casa concluem, individualmente, que Mary Alice nunca havia dito nada sobre a ameaça pois, assim como elas próprias, a narradora possuía segredos terríveis, e nunca foi totalmente sincera sobre quem realmente era.


Carta recebida por Mary Alice


Minha Opinião sobre o seriado e a Oitava Temporada:

Reservo este espaço para minhas opiniões pessoais acerca de Desperate Housewives, afinal, são estas que caracterizam os blogs.

Primeiramente gostaria de me desculpar para aqueles que leram o tópico curiosos com o assassinado cometido por Anídrea Yates. Possivelmente vocês fecharam o blog no fim do segundo parágrafo e não chegaram até aqui.

Decidi escrever sobre Desperate Housewives pois ela foi cancelada e exibe a sua oitava e última temporada.

O gênero que define Desperate Housewives é a comédia, mas a série conta com generosas narrativas de drama. Os jogos de aparência, meu ponto favorito da série e que eu busquei retratar nesse post, são abordados por ambas as vias, proporcionando um texto rico, que ora me fazem imergir na trama, ora me proporcionam situações hilárias com a perspectiva deturpada do cotidiano. (Sem contar que as Coroas do elenco são muito boas).



Confesso que o seriado erra um pouco nas cenas cômicas, com piadinhas momentâneas ou excessivamente femininas que descaracterizam alguns personagens ou o contexto do episódio. Felizmente, os momentos de tensão liderados pela narradora onipresente colocam tudo de volta nos eixos.

Esse post foi bastante introdutório ao seriado. Espero que aqueles que já conhecem Desperate Housewives tenham aprovado, e que aqueles que não conhecem tenham despertado a curiosidade sobre a série.


OITAVA TEMPORADA: (Contém Spoilers)

No final da sétima temporada, as donas de casa foram cúmplices de um assassinato. Quando a última temporada foi anunciada, eu me preocupei que os episódios finais fossem "desperdiçados" pela trama da temporada anterior.

Como eu havia previsto, o foco inicial da oitava temporada recaiu sobre as investigações e o esforço das protagonistas em manter o segredo guardado. No entanto, rapidamente o seriado deixou o crime em si de lado, e passou a abordar os efeitos desastrosos do peso de ocultar um homicídio na vida das protagonistas, que rapidamente se submeteram a uma rotina de estresse e tensão, que aos poucos, contribuía para que a vida delas se desestruturasse rapidamente.


O Último Segredo das Donas de Casa: Elas estão desesperadas para escondê-lo!


Com a vida das personagens principais em ruínas, a oitava temporada prepara o clímax perfeito para a conclusão da série. Pois, quando tudo parecia não poder ficar pior, o autor, em uma tacada genial, faz com que uma das donas de casa receba uma carta com os seguintes dizeres:


"Eu sei o que você fez
 e isso me dá nojo
 vou contar para todo mundo"