terça-feira, 24 de abril de 2012

Code Geass: Atos, Consequências e Opiniões

   Hoje vou falar de anime, mas não de um anime qualquer, quero dissertar um pouco sobre Code Geass, um anime produzido pela Sunrise (bem conhecida por quem gosta do gênero), que traz uma história complexa, diferente e deixa em seu final uma mensagem incrível.

  Eu comecei a ver Code Geass provavelmente a mais de um ano, e só terminei agora por dois motivos. Primeiro, meu tempo que se tornou escasso e, segundo, porque Code Geass não é um anime fácil de ver. Nem fácil de engolir. Os primeiros vinte episódios da primeira temporada são bons, mas são cansativos e não mostram o potencial que o enredo tem, isso só vem depois do vigésimo primeiro episódio, que traz uma virada espetacular na história.

   A primeira fase conta sobre a colonização do Japão pelo império de Brittania, que domina a ilha e passa a chamá-la de área 11. Os japoneses nunca aceitaram o domínio dos Brittanians, mas nunca puderam se libertar  devido ao poder pífio da resistência. É nesse contexto que  o protagonista Lelouch Lamperouge é apresentado. Ele, que vive na área 11, se torna o líder dos rebeldes, que acabam conhecidos como a "Ordem dos Cavaleiros Negros" sob o codinome de Zero, um líder mascarado que, apesar da desconfiança inicial, prova que tem capacidade pra liderar os cavaleiros e até pra libertar o Japão da opressão.

   Por baixo da máscara de zero, porém, o estudante esconde dois segredos. O primeiro, é que Lelouch é, na verdade, Lelouch VI Brittanian, décimo primeiro príncipe na sucessão do trono, e quer libertar o Japão para se vingar de seu pai, o imperador, que aparentemente não se importou com o atentado terrorista que matou sua mãe e traumatizou sua irmã mais nova Nunnally aponto de deixá-la cega e paraplégica. O segundo, é que Lelouch recebeu de uma misteriosa mulher, conhecida como C.C, uma habilidade especial conhecida como Geass, habilidade que faz com que Lelouch possa dar uma ordem para qualquer pessoa e tal ordem deve ser cumprida, a qualquer custo.
  
   Partindo daí, Lelouch passa a agir como Zero e lidera os cavaleiros conseguindo incomodar o império. Ele enfrenta, porém, dilemas que aparecem em sua vida pessoal, como o comprometimento de sua amizade com Kururugi Suzaku, o filho do último primeiro ministro japonês, que acaba se aproximando do império e se torna cavaleiro da princesa Euphie, Brittanian que luta pela paz no Japão.
   
    O que chama a atenção à cada episódio é a ênfase que é dada às consequências dos atos do protagonista. À medida que age como Zero, Lelouch compromete cada vez mais a vida de várias pessoas ao seu redor, usando o Geass ou com alguma estratégia de guerra. Fica claro que, para dar à Nunnaly um mundo melhor, Lelouch será capaz de qualquer coisa. Junta-se a isso os mistérios e as histórias de outros personagens (aliás, é o anime com mais personagens secundários que eu ja vi), e a primeira temporada se arrasta com lutas entre os Nighmares, os robôs gigantes do exército imperial ou da resistência, e as estratégias de guerra. E então acontece a virada...

    Num dado momento, as tais consequências apontadas desde o começo aparecem e abalam profundamente a vida de Lelouch/zero. Tudo o que ele fez até então, todas as ações, todos os movimentos, todas as vidas que ele destrói, todas as vidas que ele poupa, tudo volta para ele. Cabe ao espectador definir se tais atitudes são ou não corretas, vale a pena comprometer a vida das outras pessoas para realizar um desejo pessoal, por mais nobre que tal desejo seja??

   O poder do Geass, que a princípio era a grande vantagem, se mostra uma faca de dois gumes, uma arma poderosa para zero, uma difícil consequência para Lelouch. O bem de sua irmã justifica o mal de todos os outros seres humanos?? Zero se torna herói de uns e vilão de muitos outros, o que põe em xeque tudo o que o protagonista faz durante a história.

   Obviamente que não posso contar como termina, mas as consequências dos atos de Zero põe à guerra como pano de fundo da história. O bem coletivo, que era  o desejo de Euphie, faz o protgonista repensar seus atos e escolhas, e faz com que nós pensemos não em nós mesmos, mas em nós como um todo. O que você faz pode ser bom para você e quem você ama, mas pode significar algo de ruim para alguém que também deseja o bem. O anime deixa isso martelando na cabeça no último capítulo.

   Trilha sonora espetacular, batalhas incríveis e um enredo de aplaudir em pé. Code Geass não é um anime comum, foge da regra chata que os animes carregam, e ainda deixa uma reflexão que cabe tanto ao futuro fictício da história quanto ao mundo em que vivemos. Individualismo visto como um problema, mas também como a única saída para atingir suas ambições. 51 episódios, valeu a pena cada segundo.


By Carlos
   

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Born to Die: Simplicidade e Pessimismo

Quem gosta de música e internet, independente do estilo, provavelmente ouviu falar em Lana Del Rey. Essa moça causou um certo frisson no mundo da música em 2011 lançando, à princípio apenas online, algumas músicas que, mais tarde vieram a fazer parte de seu disco "Born to Die".

Ouvindo o disco é que se percebe o quanto Lana representa uma carência de algo fora dos padrões radiofônicos. Born to Die é um disco que, em outras circunstâncias nunca teria o destaque que teve, mesmo com toda a divulgação da cantora pelo fato de priorizar as vendas virtuais. É constante demais, sombrio demais e pessimista demais. Não que isso seja ruim, o disco é realmente muito bom, mas o barulho causado em se tratando de um disco nada dançante, com letras tão pra baixo e sonoridade nada convencional representa um cansaço do público da grande onda eletrônica que, nos últimos anos, tomou conta da música.

É claro que aparecem também as comparações e os elogios que colocam o artista em um ponto aonde ele não pretende chegar. Dizer que Lana Del Rey é uma nova diva do pop, por exemplo, chega a ser cômico. Que fique bem claro: LANA DEL REY NÃO É DIVA, NEM É POP. A maior prova desse fato é o próprio disco, com letras que podem sim se referir a alguém ,mas que poderiam falar até da própria carreira relâmpago que a cantora pode vir a ter. Ela e sua carreira, nascidas para morrer, pode ser daqui a um mês, podem ser daqui a muitos anos.

Para constar, os detaques do album são a própria "Born to die" e o hit "Blue Jeans". Além dessas, "Summertime Sadness", "Radio", "Dark Paradise" e "National Anthem" merecem destaque. São músicas que se parecem umas com as outras, mas que dão um ar concreto ao álbum.

Com uma imagem errôneamente associada a um pioneirosmo musical (quem conheceu Lana acha que nunca existiram Sia e Bjork), no fim das contas Lana Del Rey é talentosa, bela e tem um disco com letras melancólicas e musicalidade sombria. O ponto positivo é que é um alívio saber que há espaço pra ela, um espaço merecido e que eu sinceramente espero que ela ocupe por muito tempo. O ponto negativo é colocar nela uma imagem pop, de diva, imagem que ela deixa bem claro pra quem ouve atentamente seu disco que ela não quer, nem precisa. Ao lado de outros talentos não radiofônicos, Lana residirá na cabeça do grade público por não se sabe quanto tempo. Caso seja esquecida, pode seguir o exemplo de Sia, não ter divulgação e ainda sim ser admirada por quem quer ouvir uma boa música , independente da imagem que se tenha na mídia. Os verdadeiros fãns aparecerão aí.


By Carlos