Um trauma e um desejo inerte de se fazer o bem.
Esses são os componentes essenciais dos heróis clássicos. Normalmente esses
mesmo heróis são atemporais, o Homem-Aranha sempre será jovem, o Super-Man
nunca envelhecerá, mas e se seres humanos de verdade fossem retratados como
super-heróis as coisas seriam diferentes. “Watchmen” trata de uma forma
mais “pé no chão” o conceito de herói, como os seus traumas não só são um estopim
para fazê-los agir, mas também afetam eles psicologicamente.
Sendo lançado em formato de 12 edições pela DC
Comics em 1986, a história foi escrita por Alan Moore, chamado carinhosamente
de Mago dos Quadrinhos. Esse gênio foi responsável por vários das mais
incríveis historias em quadrinhos, dentre suas obras primas estão “V for
Vendetta”, “Killing Joke” e “The League
Of Extraordinary Gentlemen”. O escritor tende a tratar de problemas mais sérios do que é usual pra histórias em quadrinho até mesmo em "Watchmen" ele prefere usar problemas reais como estupro e prostituição para a criação dos traumas dos personagens
Vendo o mundo sobre outra perspectiva, além de trazer o mundo real pras história pessoais dos personagens, Moore também mostra como seria diferente o mundo com heróis. Como isso afetaria o conceito de vilão, como eles agiriam durante guerras, a reação do governo e da mídia a respeito do fenômeno. É muito interessante o próprio mundo que os heróis vivem, ele é muito rico de detalhes, desde outros heróis que se aposentaram, ou que morreram, a ação deles durante a Guerra do Vietnam. Tudo que os personagens vivenciam aprimora eles próprios, eles vão mudando de acordo com o tempo que se passa. Alguns usam o fato de lutar contra o crime pra expressar seus sentimentos reprimidos, outros o fazem para se sentirem com algum controle na vida e poucos que fazem pelo bem verdadeiro conforme o tempo ou mudam de perspectiva ou deixam de ser heróis.
A história começa muitos anos após o ínício de uma lei que proíbe a atuação de heróis nos EUA, mas um antigo herói (Comediante) é morto, quando seus antigos parceiros resolvem investigar o que aconteceu eles se encontram em uma grande conspiração. A trama é intercalada por flashbacks dos tempos áureos dos heróis, quando suas ações eram apreciadas e o governo contava com eles. Esse formato de flashbacks é interessante pois sempre se mostra os pontos de mudança dos personagens, o que aconteceu para que se tornem o que são e a perspectivas deles sobre o mundo.
"Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido.
Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador
onde o que se anuncia é vago e incerto.
O médico diz: "O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade,
O médico diz: "O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade,
assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo."
O homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... Eu sou o Pagliacci."
Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano. "
O homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... Eu sou o Pagliacci."
Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano. "
Concluindo, o história em quadrinhos é uma obra de arte, sem tirar nem por. Mas o tratamento de assuntos bem maduros torna a recomendação meio circunstancial, pois não são todas as pessoas que gostam de ser jogadas em uma realidade tão cinza e suja. Então eu deixo aqui a minha mais alta apreciação, mas se quiserem ler estejam avisados de que tem um conteúdo muito adulto.
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