domingo, 16 de agosto de 2015

No Angel: Clássico Subestimado



Chamar de subestimado um disco que vendeu mais de 21 milhões de cópias, sendo o disco mais vendido do ano de 2001, com músicas até hoje executadas pelas rádios e até com tema de novela no Brasil pode parecer um exagero, quem sabe até mesmo um equívoco. Porém, em uma comparação com os posts anteriores que chamei de clássicos subestimados (este, este, e este), pode-se dizer que No Angel, da Dido, é até então o mais subestimado de todos.

Os discos citados antes se tornaram subestimados por sempre existir um outro trabalho do mesmo artista que acaba ficando mais conhecido do que o "clássico" em questão. Dido, porém, faz o caminho inverso. Depois de No Angel, a cantora, embora tenha lançado discos excelentes, não superou ou sequer alcançou o sucesso do seu álbum de estréia.

Isso pode ter várias razões. A principal delas, obviamente, é a excelência do disco. Com um dos timbres femininos mais bonitos do planeta, letras pautadas por melancolia e batidas eletrônicas suaves mescladas a instrumentos acústicos, No Angel é uma obra prima. O disco não tem defeitos e gruda à primeira ouvida. Dido chegou impressionando e conquistando público e crítica. Sucesso absoluto.


Thank You solo

 A canção mais conhecida de No Angel é "Thank You", que à época foi utilizada por Eminem em sua canção Stan, com direito a Dido participando do clipe. O sucesso de "Stan" impulsionou o disco (Eminem era um dos maiores artistas da época) e foi mantido com outras canções como "Hunter", "Here With Me" e "My Lover`s Gone".

Thank You ft Eminem

 Mas afinal, se não foram os trabalhos posteriores, o que tornou No Angel um clássico subestimado? Onde está Dido, que parece ter desaparecido do mundo da música? As canções do disco ainda podem ser ouvidas em emissoras de rádio por aí, porém Dido parece ter sido sufocada por seu próprio trabalho.

O "problema", em aspas porque aqui isso é relativo, é a semelhança dos trabalhos posteriores ao álbum de estréia de Dido.  Os discos que vieram depois ficam à sombra de sua "matriz". Dido parece ter encontrado um certo lugar comum em "No Angel", e seus trabalhos seguintes não tem vida própria, sendo todos uma espécie de continuação do primeiro. 



Prova maior disso é o segundo disco da cantora, "Life for Rent". O disco é o maior em sucesso em relação ao primeiro, porém as canções dos dois são semelhantes a ponto de nem sabermos que se tratam de discos diferentes. Dido, embora tenha feito um trabalho excelente em No Angel, parece ter feito desse disco uma fórmula, repetida à exaustão e, consequentemente, esgotada.

No Angel é um dos melhores discos femininos dos anos 90, é reconhecido e reprisado até hoje, agradável aos ouvidos e viciante. Porém, Dido tentou e tenta repetir a fórmula do disco desde seu lançamento, o que faz com que suas canções soem a anos as mesmas, cópias umas das outras, deixando seu trabalho, como um todo, em um certo lugar comum. Um lugar comum excelente, porém sem divisões e aparentemente sem amadurecimento, sem mudanças. Infelizmente, todo o trabalho da cantora sofre com isso, pois tem-se a impressão que Dido canta as mesmas coisas a anos, e mesmo que sejam coisas excelentes, acabam sendo deixadas de lado.


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