quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Eu no dia cinzento... (crônica)

Eu odeio os dias de chuva. E não é pela monotonia monocromática que eles trazem, até porque eu sou um admirador da ausência de cores. Eu odeio os dias de chuva por causa do que ele faz com as pessoas.
Caminhar enquanto chove mostra muito da natureza triste do ser humano. As pessoas parecem já despertar entristecidas pelo dia nublado, acinzentado e precocemente monótono que vem com a chuva.
Munidos das asas de morcego que protegem dos pingos gelados, os rostos sérios, rostos por vezes mais acinzentados que o próprio céu, nós simplesmente caminhamos rumo a nossos destinos, com nossos próprios pensamentos, nossos próprios fones de ouvido, nossas próprias vidas.

Ninguém escuta, Ninguém fala, Ninguém sorri. Ausência de Nós
Só o som da chuva caindo é ouvível, quando se repara nele.

Passeando e observando as pessoas, devido a complexidade e necessidade de interação dos meus pensamentos, é que reparo em algo: Um casal sob um guarda chuva.
Ele estava cabisbaixo, aparentava timidez, tentava parecer distraído e nem olhava nos olhos da garota. Ela, por sua vez, admirava o rosto dele com uma expressão que transpunha a felicidade.
O primeiro rosto feliz sob um céu caindo

Ali, como espectador da cena, vi que a chuva não tem efeito sobre nós. Nós é que a associamos à monotonia, à estagnação. Não percebemos que podemos também associá-la ao sossego, a tranquilidade, a paz.
Aquele casal me mostrou que um dia de chuva pode ser belo, pois para aquela garota não importava o tempo ou o clima, importava aquele momento, só aquele momento, que seria o mesmo se acontecesse e muma quarta feira de sol.

By Carlos...

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