Caminhar enquanto chove mostra muito da natureza triste do ser humano. As pessoas parecem já despertar entristecidas pelo dia nublado, acinzentado e precocemente monótono que vem com a chuva.
Munidos das asas de morcego que protegem dos pingos gelados, os rostos sérios, rostos por vezes mais acinzentados que o próprio céu, nós simplesmente caminhamos rumo a nossos destinos, com nossos próprios pensamentos, nossos próprios fones de ouvido, nossas próprias vidas.
Ninguém escuta, Ninguém fala, Ninguém sorri. Ausência de Nós
Só o som da chuva caindo é ouvível, quando se repara nele.
Passeando e observando as pessoas, devido a complexidade e necessidade de interação dos meus pensamentos, é que reparo em algo: Um casal sob um guarda chuva.
Ele estava cabisbaixo, aparentava timidez, tentava parecer distraído e nem olhava nos olhos da garota. Ela, por sua vez, admirava o rosto dele com uma expressão que transpunha a felicidade.
O primeiro rosto feliz sob um céu caindo
Ali, como espectador da cena, vi que a chuva não tem efeito sobre nós. Nós é que a associamos à monotonia, à estagnação. Não percebemos que podemos também associá-la ao sossego, a tranquilidade, a paz.
Aquele casal me mostrou que um dia de chuva pode ser belo, pois para aquela garota não importava o tempo ou o clima, importava aquele momento, só aquele momento, que seria o mesmo se acontecesse e muma quarta feira de sol.
By Carlos...
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