sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Eu, você, Humberto Gessinger: Todo Mundo é uma Ilha



     Há dez anos que Humberto Gessinger não lançava um álbum só de músicas inéditas. O último foi ainda como líder dos Engenheiros do Hawaii e se chamava "Dançando no Campo Minado". Lançado em 2003, esse álbum foi sucedido pelo acústico MTV da banda, que tinha apenas duas canções inéditas. Após ele veio o Acústico Novos Horizontes, e nos últimos anos Humberto deu uma pausa nos Engenheiros e se dedicou aos projeto Pouca Vogal, em parceria com Duca Leindecker, da banda Cidadão Quem.

                                                                 

    Já estava na hora de um disco novo. E Humberto resolveu nos presentear com Insular, seu mais novo álbum solo. De acordo com o próprio Humberto "... não sabia se seria um disco do Pouca Vogal ou dos Engenheiros. Resolvi fazer solo porque havia muita gente com quem eu queria tocar, e de certa forma o formato que eu pensava para o disco não se adaptava a nenhum dos dois projetos..."

   A palavra Insular faz referência a  um País independente cujo território é  uma ilha ou um conjunto de ilhas, sem fronteiras terrestres definidas. Imagino ser uma referência à própria carreira musical de Gessinger, afinal os Engenheiros do Hawaii sempre foram uma ilha no Rock brasileiro, sem construir pontes com outros artistas da época, sendo o alvo favorito dos críticos, que acusavam a banda de reciclar idéias e até de incitação ao fascismo.

   Prestes a completar 50 anos de vida, Humberto resolveu erguer essas pontes e chamou vários companheiros para participar de Insular. O disco é uma variada salada de composições que passam pelo rock que faz lembrar os Engenheiros, possuindo ainda aquelas músicas "agauchadas", sul rio grandenses por natureza e características do orgulhoso gaúcho gremista que é Humberto Gessinger.

    Nas letras, percebe-se a maturidade de um compositor, letrista, escritor, que já passou por muita coisa mas ainda está na ativa. Há nas letras muita expectativa pelo que está por vir, e de certa forma Humberto se afasta do saudosismo e da nostalgia. Adaptado a novos tempos, ele não rejeita mais a modernidade, e algumas letras falam de fakes da internet e até de wi-fi.

    Outro ponto positivo é que Humberto está de volta ao baixo, instrumento que era de sua responsabilidade nos tempos áureos dos Engenheiros. E é justamente ao som do baixo que ele começa o álbum, na introdução "Terei Vivido". Ela é seguida pela ótima "Sua Graça" (aquela que fala dos fakes). A sequência do álbum é com "Bora" e "Aponte para o dia", músicas que falam justamente sobre seguir em frente e viver novos momentos, que é o que Humberto agora faz.
                                       

   "Tchau Radar, a Canção" é a ótima quinta faixa, composta em parceria com Esteban Tavares, fã declarado de Humberto (oportunidade e tanto, que ele soube aproveitar). A sexta faixa é "Tudo Está Parado", que tem uma versão do Jota Quest, bem diferente da do Humberto, é claro, e é a faixa que eu ouvi tocando no rádio a alguns dias, tomara que esteja fazendo sucesso. A música é seguida pela ótima "Recarga", daquelas canções em que a letra se sobressai, ainda que a música seja também muito boa. 

   Se os fãs dos Engenheiros sonham com uma volta da banda, o maior sinal de Humberto, na minha opinião, é a faixa "Milonga do Xeque - Mate", que me lembra muito a formação clássica da banda, o saudoso GLM. Milonga é, na minha opinião, a melhor faixa do disco. É daquelas canções inquietantes, viciantes, com um ar misterioso que só engrandece a música. Após a nova intro, chamada "Insular", vem "Essas Vidas da Gente", uma música romântica e reflexiva, maravilhosa. O final do disco vêm com " Segura a Onda, DG", em que Humberto brinca com a própria velhice (DG é ninguém menos que Dorian Grey) e termina com "Plano B", que era uma demo lá do Novos Horizontes e encontrou seu espaço em Insular.

   Não existe plano B. Humberto está ficando velho, e é pra valer. Ainda que genialidade não envelheça, Humberto chamou parceiros e criou um disco solo que têm suas peculiaridades muito ligadas ao próprio Gessinger. Recheado de bom humor, letras interessantes e composições que são a cara do líder dos Engenheiros, Insular é um álbum que veio bem a calhar. Assim como veio bem a calhar a decisão de Humberto de exibir sua ilha, chamando parceiros que só fizeram engrandecer o trabalho, e ainda deram a ele a cara de Humberto Gessinger, mais na ativa do que nunca. E pra quem diz que ele esté velho, a gente faz de conta que isso faz parte da vida...

                           
p.s Desculpem o filtro preto estranho, fiz umas mudanças de Layout e parte do texto está com um fundo branco estranho que eu não soube arrumar. Resolvi fazer o post mesmo assim pq sou tosco. Bj

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