segunda-feira, 11 de junho de 2012

Treme: Um Brasil popular demais mostra seu lado interessante

   Gaby Amarantos. Se você ouviu esse nome, acredite: você está vendo muita tevê, ouvindo muito rádio, enfim, assim como eu, você está prestando atenção em cultura popular brasileira. Eu digo isso porque Gaby Amarantos, que alguns chamam de Beyoncé do Pará (simplesmente a comparação mais tosca que existe), é  a onda musical do momento.
             
                http://www.youtube.com/watch?v=TyYdqKruD1c&feature=related

   Vinda de um tal tecnobrega, que possui uma força absurda no Pará e nordeste em geral, e é um estilo no qual ritmos culturais e populares do nordeste brasileiro são misturados com elementos eletrônicos, Gaby surpreende ao pegar algo que é comum e generalizado e colocar um elemento importante quando se quer fazer música boa: Personalidade.


                                                    
     Intitulado de "Treme", o primeiro disco da cantora por uma grande gravadora é um disco que agrada quem já gosta de estilos populares como o forró, mas surpreende quem ,assim como eu, torce o nariz  para ritmos "do povão".

     Gaby Amarantos se difere da massa de artistas populares da atualidade por saber o que está fazendo. "Treme" mostra que a cantora  não é uma hitmaker daquele pop sertanejo sem graça e falsamente romântico, ou daquele axé sem graça e sem sentimento que faz com que eu volte meus ouvidos para a MPB e para o rock. Existe um lado artístico que vai além de fazer hits ou colocar músicas em abertura de novela. O disco quer mostrar um Brasil que consegue ser sofisticado, inovador, porém popular.

      Não é gostar do estilo, não é admitir que é bom, não é balançar ao som do tecnobrega, é simplesmente ver que, além da voz surpreendentemente boa, Amarantos respeita e valoriza  a cultura nordestina sem, no entanto, esquecer que o pop é algo fácil de se gostar. A mistura da cantora é surpreendente e , mesmo quem a princípio não gosta deste tipo de som, entra no clima e percebe que não se trata de algo pré-fabricado, feito para virar moda, o que existe é uma valorização cultural com uma pitada de modernidade, divertido, tradicional, porém ousado.
 
                                          http://www.youtube.com/watch?v=niGt6fhwMtA          

     "Eu vou samplear eu vou te roubar" . A frase do refrão de "Xirley", faixa que abre o disco, já mostra que chamar a atenção é bem o que a cantora quer. A sanfona sampleada, a batida eletrônica, tudo na primeira faixa já mostra o estilo que Gaby quer passar. A letra simples, sem palavras difíceis, caracteriza a popularidade e simplicidade do álbum. "Ela ta Beba doida" e "Ex mai love", faixas consecutivas, formam o trio de hits do álbum, um começo explosivo. Outros destaques são a participação de Fernanda Takai na faixa "Pimenta com sal", as faixas "Gemendo" e "Eira', a levemente lenta "Chuva" e a dançante e explosiva "Faz o T", que fecha o álbum.

     Acredito que é grande a chance de quem ler isso (sabendo que são meus amigos que lêem o blog) não gostar de "Treme", não se dar ao trabalho de ouvir o disco, não perder seu tempo,enfim. Mas o que quero deixar claro é que a intenção deste post não é fazer de você um fã ou mesmo um respeitador de um ritmo tão estranho e, por muitas vezes, ruim (quem se lembra de Deja vu sabe bem o que estou falando), é simplesmente mostrar que personalidade e talento, além do respeito pela sua cultura e pelas suas raízes, fazem sim um grande disco, independente do estilo.




   By Carlos